Subliminar

Passou um tempo, ouviu-se as canções.

Eram gritos desarmados, sem pólvora,

mas escoltados por palavras contestantes.

Entre encontros e sumiços

Entre militantes e submissos,

fez-se a verdadeira arte.

''Pra não dizer que não falei das flores''

Então, digo das ramificações dos seus espinhos,

que fez de uma luta um esquecimento,

um retorno ao poder tirano, traiçoeiro e silencioso.

Não pense que tudo é fácil de se entender,

pois não te darei a clareza dos fatos.

Mas é evidente e explícito, há censores ainda vivos.

Censores vivos, gritos silenciosos sem que

tenham chance maciça de atingir uma massa questionadora.

Ainda existe ''o elogio à traição''

mas os olhos não procuram mais por verdades infindas.

Por mais que você dê a volta nas emissoras,

em nenhuma alguém te dirá

“Eu quero ver a procissão dos suicidas,

caminhando para a morte pelo bem de nossas vidas”.

Quem suprime informações, tem um grito vago,

impedido de chegar alto em grandes multidões.

E uma ânsia de dançar, rebolar e seguir as tendências,

faz de todos um único veto em lobby popular sem poder algum.

Pouco mudou, pois atualmente, somos sentenciados

por um ostracismo que nos exila dentro de nossa própria pátria.

Isto é visivelmente sólido em veículos informativos

que exaltam cores de baton de determinado artista,

e tem um número significante de expectadores,

enquanto uma manifestação contra um crime impune

e (i)legal dentro de nosso governo tem o apoio de 19 pessoas.

O óbito lento da subversão está cegando opiniões de caráter

público/social, fazendo de todo pensamento um coletivo

moldado de acordo com o quê nos é imposto.

E assim, mantêm-se a ordem e progresso prometida,

estampada em nossa bandeira, mas estéril em sua essência

e pendurada em mastros de ignorância e individualidades.