Descobrindo (Recapitulando)


Prefiro não ser o lógico
Nem ter sempre a palavra certa a dizer.
Quero mudar de ontem para hoje,
ao inverso do que era pra ser.

Se de tudo que faço ou digo,
me permitisse a convicção,
De nada adiantaria o encontro
ao encontro da própria razão.

Alcanço em fendas de tempo
das palavras que um dia viví
Se das palavras ausentes me calo
nas presentes escrevo aqui.

Me faço descrito sem ponto
com reticências incompletas em mim
Se um dia meu eu acabar
Faço um novo começo no fim.

Calo-me

Calo-me

E escondo direito o que sinto do lado esquerdo.

Há uma escada que apenas sobe.

E uma rosa que pode apenas ser sentida,

mas não mais tocada.

Um plano deixado no papel

Para viver um novo plano.

Um adeus, um até breve, um jamais.

Uma incógnita que apenas no fim nos será respondido.

Há de ficar, e edificar dentro de nós,

os sorrisos deixados

as palavras ditas

o tempo vivido.

E a certeza de que cedo ou tarde

Juntos ou separados

Partiremos...



*Obrigado à todos vocês pelo apoio

através de suas doces palavras.

As coisas mudam


Ontem éramos grandes, em corpos pequenos
Hoje, minúsculos seres com pés colados ao chão.
As coisas mudam...
E nossas reticências são seguidas à passos curtos.
O luto do amor perdido torna-se moderado
E a vida que parecia ter acabado colore-se novamente.
Mudando, aprendemos a errar com mais competência,
afinal, é preciso competência para saber-se quando se erra.
Os conceitos de vida, de visão, de sobrevivência
Tudo vai oscilando, tanto quanto o tempo remetido ao acaso.
Que ao acaso, nos leva para terras distantes de interrogações,
Indagações que refletem em descobertas tão diferentes das expectativas.
A resposta de meu pai, talvez fosse uma pergunta.
A pergunta de minha mãe, talvez fosse uma resposta.
Tentamos mudar o mundo, e o mundo é que nos muda.
Lutamos para desmascarar e fazer cair por terra os segredos da vida,
Mas ao longo da batalha, notamos que só temos uma mão para empunhar a espada,
pois a outra nos serve para segurar à face a própria máscara.
As coisas mudam, e descobrimos os caminhos construídos dentro de nós.
Deixamos sempre algumas lembranças guardadas em nossos arquivos cerebrais,
para que se um dia nos perdermos de nós mesmos, sabermos o caminho de volta.
Lembranças...
Mudar, crescer, progredir...
Seguir...
Engatinhando na vida é que aprendemos um dia a correr.
E é nessa corrida que enfim descobrimos o quanto mudamos,
E o quanto as pessoas e as coisas à nossa volta mudaram também.


Re/Compondo


Tempo de silêncio

Observando as verdades que se calam

Cantando as canções que saem de um dia a mais.

Em busca de novas notas a tocar

Ou ser tocado à melodia de um novo sol.

Inspirando a quietude ao direito de nada dizer

E em sí, sabendo os acordes de mim.

Tanto tempo, em sustenidos sem sustento

Tantas claves clamando por calma.

Enquanto lá no fundo, o abafado de notas grita

Em um semi tom sem frequência, esquecido.

Na pauta, o agudo da sonoridade não mais ouvida

Tornando-se grave a ausência de harmonia.

Orquestrando o vago da platéia

Ecoa pelos cantos uma nova música

Sem som, sem tom, sem vóz...

Mas de imensa razão e verdade.



''Ut queant laxis,Resonare fibris,Mira gestorum,

Famuli tuorum,Solve polluti,Labii reatum''.