Eu Matei!

Eu matei o dia de hoje que amanhã será ontem
Matei os gritos que ecoam do silêncio distante.
Eu assassinei a vontade de chegar, o desejo de continuar
destruí a esperança de sonhar sem chorar, de viver sem sofrer.
Eu cavei o túnel que leva ao vazio sem luz
segui a placa na direção que seduz, que engana, que ilude
aquela que te confunde, quando procura verdades em mentiras
quando procura sangue em vísceras secas,
secas como as lágrimas que não caem,
como os olhos que não vêem, como as vozes que não dizem.
Eu maltratei o sorriso que alegrava a tarde,
cortei os pulsos na hora da esperada verdade
Eu enforquei os sábios, os nobres, os inocentes
dei fome e peste à meus últimos descendentes, fui ausente.
Enterrei as últimas tentativas de fazer-se vida, de dividir-se, de doar-se.
Decapitei eternamente a crença, a bondade, a paz...
Fui eu, foi meu vizinho, meus amigos_ foi você!
Que não pode perceber que no momento em que vimos
a fome e o abandono pedindo socorro, demos as costas.

Um comentário:

  1. Este texto é algo de apertar o peito. Mas muito perspicaz dos dias de hoje, onde temos vontade de matar com as próprias mãos. Mas gostei de ter sido brindada com mais esta leitura que fiz aqui.
    Em tempo, estou esperando a resposta sobre o poema que quero para colar na minha agenda pessoal...
    (se fez de morto né!) Se a resposta for negativa, não me importo não!

    bj

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