Cavidades da Alma

Quando a alma congela em meio à escuridão do ser,
os dentes fogem pra fora da boca em sorrisos inventados
para cobrir as cavidades da alma.
O sentido encherga o que os olhos não vêem,
como fendas que se abrem em lágrimas que não caem.
Um dia, empurrei do céu um Deus que tentava me salvar,
e no mesmo solo em que o derrubei, estou morrendo aos poucos.
Olho para um Cristo de madeira pendurado numa cruz que nunca existiu,
assim como a paz jamais existirá na terra prometida.
Consigo sorrir para quem eu odeio,
mas não posso chorar para quem eu amo.
Se eu dizer sobre amanhã o hoje me escapará.
Se eu fechar os olhos, a luz se apagará.
Respondo à vozes que não queria ouvir e escondo segredos de mim mesmo.
O psicopático senso de razão é uma doença crônica
que acaba com o sentido da diversidade, da opinião, da sociedade. De que adianta cobrir o corpo de flores?
De que adianta chorar na ausência, quando esquecemos de sorrir na presença?

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