Minha canção

As claves de sol fogem dos acordes sujos
deixando que a acústica do quarto fique mais distante.
Ao dó que toco torna-se o mesmo que sinto,
enquanto meu sí próprio não sai em tempo certo.
As cordas que emitem som já não são as mesmas que
me seguro quando preciso levantar.
Minha canção...
Nem sei se já foi mesmo minha.
Nem sei se um dia realmente será.
Ouço as variantes em tons maiores que me deixam menor,
ou menores que me deixam maior, ainda não sei.
Estou desafinado e sem vóz para cantar meu olhar, que não brilha como antes..
E mesmo assim você não percebe que tudo está errado por aqui.
A composição do teu silêncio não me dá inspiração
para fazer minha canção fluir pelos ares em tua direção.
Será preciso editar as partes inaudíveis dessa canção?
A mesma música cantada em mil ritmos,
desde o mais leve até o mais pesado.
E em nenhuma mídia ocular abre vossos olhos
nem entra pela porta que fechou-se com o passar dos anos.
Quando eu pendurá-lo na parede fria e esquecê-lo de vez,
não será mais preciso a minha canção para entender o que eu sempre quiz te dizer.
E lamento, mas será tarde.

Um comentário:

  1. Quee lindo, que amaravilhoso texto. Sabe, me identifiquei com tua canção insana, é perfeita.
    Beijos e muito obrigada por estar em meu blog.

    ResponderExcluir