Morte mau morrida

Marchando em direção aos inimigos
Bombas prontas e armas carregadas,
ódio no olhar e esperança de voltar para casa.
Derrubei um, dois, três...
Esses não voltarão para casa,
não beijarão seus filhos,
não irão mais sorrir para suas esposas.
Nossa estratégia de ataque e de defesa,
matando quem nos foi mandado matar,
acabando com a vida pouco vivida,
detonando a construção mau erguida,
evitando olhar para nossas próprias feridas.
Heróis de guerra, heróis de merda.
Meu herói te deixou sem pai,
seu herói me deixou sem mãe,
nossos heróis destruíram famílias,
e lançaram a desgraça por uma lição mal entendida.
Quem mandou atirar ainda está vivo,
quem ensinou a matar nunca atirou,
nem pôs seu peito na linha de fogo.
Estamos caçando e matando nossas falhas,
fingindo ter um ideal contrariado e descumprido,
forjando uma verdade e um motivo inexistente.
Está é a verdadeira Guerra.
Fazendo o sol nascer sem amanhecer o dia,
fazendo a chuva cair sobre o telhado que não cobre nossa alma.
Fingindo que existem vencedores, quando todos são perdedores.
As bombas que caíram do céu não plantaram flores,
nunca deram frutos e não limparam a sujeira.
Os projéteis que acertaram os alvos não acabaram com os problemas,
não evitaram a trajédia, não trouxeram paz.
O sangue ainda derramado, não purificaram a alma,
não justificaram a violência e não acabaram de escorrer.
Toda forma de violência é uma guerra,
e essa guerra é tida ilusioriamente como necessária.
Essa é a morte mau morrida.