Por quê escrevo? (Recapitulando)

Nem sei o tom certo em que saem essas palavras,

gramaticalmente desregradas de concordâncias.

Os atos verbais que não emitem ações tornam-se

sílabas que separadas tiram-me o sentido desse breve artigo.

Na busca por significados nominais que apenas conseguem etiquetar e

colar códigos-fonte de não respostas.

Por quê então, eu escrevo?

Escrevo porque no momento de teclas pressionadas em letras exatas,

que tentam dar sentido expressivo ao pensamento não pensado,

ou ao conselho contrariado pelo autor que brinca de sábio,

fica a vontade de apenas pintar palavras em branco,

ou expor para o dia seguinte o que hoje estava a pensar.

Nem poeta, nem autor, apenas mais um a expor pensamentos.

O mundo quadrado vira frases redondas,

A estrada de pedras vira esteira deslizante de horizontes amplos.

Leio os livros escritos no passado, carimbado e esculpido na memória,

que por vezes perdem páginas por desleal descuido.

É perfeita essa liberdade de saber que amanhã, saberei exatamente quem eu fui ontem.

Amanhã, posso contrariar-me e criticar-me,

analisar meu instinto compulsivo de escrever sem nexo,

ou até mesmo admirar posteriormente a arte de escrever o dia comum.