Contramão


Tudo tão normal hoje, nada diferente,
os cães levam seus donos pra passear,
e os postes param pra urinar neles...
Um dia comum ao extremo,
os mendigos dão moedas, os vagabundos
dão faca em ponta de murro,
os comerciantes roubam os ladrões.
Pequenas filas de pessoas sem pressa,
pobres e burgueses almoçando juntos,
silêncio no centro da cidade em horário de pico.
Ninguém olha o relógio nem fala ao celular,
os mercenários não buscam por dinheiro.
Hoje, é um dia realmente comum,
sem anseios, sem medos, sem dúvidas...
Os cobradores pagam os devedores,
os devedores dão troco aos pagadores,
e as moedas são atiradas em bolsos perdidos.
Crianças atiram trocados aos motoristas malabaristas,
outras abrem os vidros do carro para agradecer
pelo espetáculo apresentado.
O idoso dá seu acento no ônibus ao jovem,
todos param normalmente ao sinal verde,
as vitrines ambicionam os pedestres,
as propagandas dizem a verdade.
Hoje, nem quero mais sair à rua,
essa plena normalidade me assusta.

3 comentários:

  1. Viver nessa normalidade seria realmente incrível.
    Quem dera...

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  2. olá!

    me lembrou o dadaísmo...
    muito bom seu texto,
    parabéns!!

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  3. Oi..
    Gostei do texto,muito legal...
    É irônico e engraçado...
    mas engraçado no bom sentido é claro...
    Aliás,existe engraçado no mal sentido?
    Acho que engraçado é bom,
    Nos faz rir,
    rir é bom..
    rsrs
    Parabéns!
    Beijos ,boa noite.

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