Perecível

Encontrando acasos nas esquinas,
nos dias de ontem, no amanhã de hoje.
De janelas abertas e vento nas cortinas,
no ajoelhar-se para rezar pra ninguém.
Inventando novos dias casuais.
Mãos no bolso ao esperar quem não vem,
dosando venenos para curar o silêncio.
Vendo alguém viver um ano em um dia,
deixando morrer cada pedaço de planos.
Sopradas as notas e as lembranças ao vento,
sabendo que a estrada acaba logo a frente.
Sem curvas, sem placas, sem horizontes...
Olhando para dentro de sí e não vendo mais ninguém,
juntando peças sem poder completar o castelo.
Limitando-se ao perecível, ao incerto.
Nenhuma palavra vai curar,
nenhum gesto vai simplificar a equação.
Mórbidas palavras, de quem tenta acender o próximo dia,
em chamas incandescentes e objetivas.
Lapidando os laços, os traços, os fracassos.
Tentando aceitar o que o mundo propôs,
ou impôs, testando ou reprovando nossa capacidade.
Só quem tem certeza da derrota antes do fim do jogo,
sabe o que se passa pelas transparências da alma.
Louvado seja o que demite da vida as pessoas que amamos.

Um comentário:

  1. Olá amigo, tudo bem ?
    Muito legal o seu texto,
    parabéns !

    Abraços,
    Caio !

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