Capital

Bela capital, de pôr do sol intenso, de águas claras, de artistas sem fama. Capital de noites longas e ardentes, onde tudo se tem, mas pouco se leva... Cidade de burgueses e mendigos, de jovens que cantam embaixo das árvores, que marcham sem destino apenas por seguir. A cidade onde o dia tem cinquenta horas, e as vezes ainda falta tempo. Desejos nas marquizes, sonhos debaixo das escadas, expectativas nas filas, nas praças, nas calçadas. Cidade alta, em baixa, cidade baixa, em queda! Mas amanhã, ela se ergue como bandeira, asteando outra vez seu céu, do mais puro e sujo azul. Só mais uma, de tantas capitais, de misturas de raças, de credos incrédulos, de cores e tons igualmente distintos... Apenas mais outra, de tantas capitais, de corpos vendidos, de rostos sofridos, de luta insistente, de batalha, de guerra, de gente. De dias reais, de volta pra casa, de quarto limpo, de abraço apertado, ou não... Em cidades de distância de outras cidades, em diferentes em nomes mas tão iguais em fatos... Nossas capitais, assim como elas são, vista de tantos olhares e de mil e uma formas...

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