Não sou eu

Não sou eu...
Não sou eu quem te vê perfeita mesmo logo que acorda pela manhã...
Não sou eu quem te protege como quem protege um filho...
Não sou eu quem foge do instinto para cumprir minhas promessas...
Não sou eu quem pode te enchergar por trás dos teus pensamentos...
Não, não sou eu...
Quem ouve muitos ’’nãos’’ sorrindo, e sempre diz sim.
Quem te leva dentro do peito mesmo às vezes estando do lado de fora.
Quem finge um sorriso para não enchergar tuas lágrimas.
Quem pede para ser magoado, desde que seja com verdades.
Não, não sou eu...
Que senta e conversa, e que as vezes também quer ouvir.
Que mesmo depois de uma briga, te enche de beijos.
Que tenta ser justo sempre, mesmo que saia perdendo.
É, não sou eu...
Não é meu o coração que bate forte quando você chega perto.
Não são minhas as mãos que tocam teu rosto toda noite antes de dormir.
Nem minha boca que te beija com o mais sincero amor.
Não, não sou eu, por quê eu não existo...
Quando digo que te amo, eu minto.
Não sou ninguém...
Quando digo meu nome, estou apenas digitando um código de barra.
Todas as vezes que te abracei forte, estava apenas alongando meus músculos.
Todas as vezes que acordei ao teu lado e disse bom dia,
era apenas uma máquina se auto-ligando programadamente.
Desculpe, eu não te amo.
Eu nem sequer poderia amar.
Se você me amou, desculpe.
Mas não era minha intenção despertar em você esse sentimento.
Quando falei de filhos, estava apenas repetindo o que ouvi de alguém um dia.
Quando sonhei com uma casa, criança na escola, amigos na sala...
É, eu estava lembrando de um filme que não ví o final.
Se um dia, eu disse a frase ’’para sempre’’,
talves estivesse repetindo o refrão de uma música que há tempos não ouço.
A palavra família eu já disse?
Me desculpe por não lembrar, eu apenas não lí o significado.
Lamento, por um dia ter te enganado.
Lamento por ter prometido e não ter cumprido.
Perdão, por pregar tanto a lealdade, e no final ser desleal tentando mentir.

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