Papéis mortos

Abro minhas gavetas organizadamente bagunçadas.
Pilhas de papéis, páginas e notas fiscais.
Droga!
Esqueci de fazer algumas contas.
E a caixa do correio ainda não foi roubada!
Algumas recordações ainda estão guardadas,
como notas escolares, inscrições em cursos desistidos,
contas pagas e cartas lidas mil e uma vezes.
Enquanto arrumo as gavetas, tento me convencer de que
devo esvaziá-las e jogar tudo na lixeira.
Mas, sou sempre surpreendido pela pasta cheia de letras.
Então, começo a perceber que meus primeiros passos estão alí,
naquela gaveta, guardados e seguros.
Um dia pensei em ser escritor.
Mas logo comecei a tocar baixo em uma banda.
A banda acabou.
E voltei para meu acústico e raro arranhar de violão.
Minha música me dizia que eu queria ir embora para longe,
mas quando ela acabava, sentia meus pés enraizados no chão.
Coloquei meu maço de cigarros no lixo,
e no dia seguinte voltei ao mercado para buscar um novo.
Procurei por uma moto nova e resolvi que devo ter uma casa,
fui juntando meu dinheiro suado e a cada nota que entrava saíam duas.
Nossa!
Quanta emoção nessa vida!
Ando na minha cidade e sou intensamente cumprimentado por conhecidos,
que são muitos e que o tempo passa e cada vez aumenta mais.
Nesse fim de semana pensei em ir no cinema,
mas uma pescaria seria ótimo para relaxar.
Talvez passear na beira do rio ou no parque,
ou simplesmente sair com os amigos.
Acho que acabei de descobrir que estou meio indeciso!
Vou dormir.
Boa noite!

2 comentários:

  1. "Abro minhas gavetas organizadamente bagunçadas"
    Temos algo em comum...
    As minhas também são.
    Nossa bagunça é organizada neah?!
    rsrs
    Amei o texto.
    Beijos

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  2. Temos algo em comum então Amanda.
    E é uma bagunça que somente a gente mesmo
    consegue se achar, e se alguém arruma,
    fica tudo fora do lugar.

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